domingo, 22 de setembro de 2013

O automobilismo está morrendo? Por Carlos De Paula.



Tomo a liberdade de colocar aqui a opinião do membro do grupo VAMOS SALVAR O AUTOMOBILISMO 
Carlos De Paula, achei bem interessante e pertinente para refletirmos sobre o automobilismo como um todo e não especificamente no Brasil ou no nosso Estado/região:

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O automobilismo está morrendo?
Perdoem o drama. Não posso evitar, sou descendente de italianos, afinal de contas. Mas apesar do exagero e drama, uma coisa é certa - nosso esporte passa por um momento frágil.

Converse com qualquer pessoa estreitamente ligada com o automobilismo brasileiro, e este lhe dirá que, salvo uma ou duas exceções (Stockcar e Trucks), nosso automobilismo vai mal, muito mal. Mal tipo UTI.

De modo geral, atribui-se a culpa a dirigentes, organizadores, em suma, aos donos do circo. Porém, sem eximir ninguém de culpa, vejo a coisa como um fenômeno mundial, e por isso mesmo está acontecendo no Brasil.

Na Europa, onde eventos automobilísticos sempre geraram grandes públicos, or organizadores estão em apuros. Fora a F1 e MotoGp, o público em corridas de todas outras categorias tem caído vertiginosamente ano após ano, ao ponto de inviabilizar a realização de certas disputas. Com isso, organizadores tentam criar eventos "diferentes", misturando corridas com música. Notem bem, isso num continente que cultua eventos ao ar livre, pois durante grande parte do ano é impossível sua realização devido ao clima.

Isto levou os donos da bola a procurar locais diferentes para realização de corridas, como Eslováquia, Indonésia, Romênia e Casaquistão, com resultados nada auspiciosos. De fato, basta ver a transmissão do GP da China para ver milhares de lugares vazios nas arquibancadas - e nesse caso, numa corrida de F1.

Não é só no velho mundo e nos novos mercados que a situação está preta. Aqui nos EUA, muitas corridas são realizadas com arquibancadas quase vazias. Aqui em Homestead, somente as corridas da NASCAR atraem público, que ocasionou o cancelamento da prova de Indycar. Até mesmo corridas que são "sucesso" de público, como a de Baltimore, acabam sendo canceladas, e apesar de a Indycar heroicamente falar em expandir o calendário, não me lembro de o calendário deste campeonato ter as mesmas corridas dois anos seguidos, está em constante mutação.

Nem mesmo a Indy 500 escapou ilesa. O mês de maio, tradicionalmente usado integralmente pelos treinos e corrida em Indy, foi parcialmente liberado. Hoje o qualifying não ocorre mais em fins de semana diferentes. Isto porque Indy já não atrai tanto público para tantos dias de evento.

Mesmo a NASCAR tem problemas para atrair novos fãs.

Isto é extremamente problemático. Ao se tornar, pouco a pouco, mais um esporte televisivo, como o futebol se tornou no Brasil, a situação do automobilismo se torna cada vez mais crítica. Geralmente, os organizadores locais ganham seu dinheiro com os ingressos vendidos, e com aluguel de espaço para barraquinhas de comida e souvenirs. Com o público diminuindo, a tendência natural é o cancelamento de corridas e campeonatos inteiros, pois a TV pouco ou nada traz para os organizadores locais.

O maior perigo é a destruição definitiva de muitos autódromos mundo afora. Um estádio de futebol ocupa bastante espaço, mas não tanto quanto um autódromo. Assim, o futebol pode se dar ao luxo de ser um esporte televisivo, o automobilismo, não. Mais cedo, mais tarde, pistas começarão a fechar, principalmente na Europa onde a densidade demográfica é grande, e o custo do metro quadrado exorbitante.

O automobilismo é um tipo de entretenimento. Portanto, compete com N outras formas de entretenimento. Isto ajuda a explicar por que o automobilismo foi de "segundo esporte mais popular de público" no Brasil, no início dos anos 60, para um esporte seguido por poucas pessoas nas pistas. Só a título de comparação, no mesmo ano em que ocorreu o primeiro GP de F1 válido para o mundial no Brasil, o país recebia seu primeiro mega-astro do rock mundial, Alice Cooper, para shows em SP. Naquela época, artistas de renome relutavam vir ao Brasil. Hoje em dia, veem às pencas, e lotam estádios, não só em SP, como cidades no país afora. Estes shows são uma forte concorrência pelo dinheiro e gosto da juventude, que, se tanto amava as corridas nos anos 60 e se descambava para Interlagos, hoje prefere ver a Beyonce a um quilometro de distância num estádio de futebol. Note que os astros da música mundial são somente um dos concorrentes do automobilismo no Brasil. Outros esportes, peças de broadway, etc etc, chamam a atenção e a grana da juventude. A falta de interesse da imprensa generalizada ajuda a criar o marasmo total do nosso esporte.

Obviamente, algo terá que ser feito. Exatamente quem vai fazer algo, não sei. Só sei que se as coisas não mudarem, dentro de dez anos o cenário do automobilismo mundial será bastante diferente do que temos hoje.

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